segunda-feira, 31 de maio de 2010

Museus na Web


É possível visitar os sites de inúmeros museus na Internet, pois, como tudo mais no contexto atual de nossa sociedade, a grande maioria dos museus possui um site para divulgar suas informações. A natureza das informações divulgadas determina a que categoria pertence determinado site de museu. Conforme Schweibenz (2004, apud CARVALHO, 2008), podemos identificar, no ambiente da Internet, as seguintes categorias de museu:
a) museu folheto: contém informação básica sobre o museu (tipos de coleção, detalhes de contatos, etc.), com o objetivo de informar visitantes potenciais;
b) museu de conteúdo: possui serviço de informação para o visitante virtual, porém é mais útil para especialistas do que para leigos porque o conteúdo não está desenvolvido didaticamente. Tem o objetivo de proporcionar um retrato detalhado de suas coleções;
c) museu do aprendizado: oferece diversos pontos de acesso para seus visitantes virtuais, de acordo com suas idades, antecedentes e conhecimento, pois a informação é apresentada didaticamente e relacionada, através de links, a informações adicionais para que o visitante virtual aprenda mais acerca de um assunto. O objetivo é fazer o visitante virtual retornar e estabelecer uma relação pessoal com a coleção on line;
d) museu virtual: é o próximo passo do ‘museu do aprendizado’, proporciona não apenas informação acerca das coleções da instituição, mas conecta a outras coleções digitais. Não possui acervo físico.

Visitando os sites de museus apresentados a seguir, identificamos as diferentes categorias listadas acima, porém, podemos perceber que as categorias se misturam, sendo uma tarefa difícil classificar determinado site em determinada categoria, pois estas não estão ainda bem definidas. O Web Gallery of Art, por exemplo, não possui acervo físico e conecta o visitante com o acervo de diversos museus da Europa, podemos considerá-lo um museu virtual. Seu conteúdo é bastante detalhado, sendo possível fazer “visitas guiadas” pela arte alemã, ou pelos pintores italianos. O Museu Virtual de Arte Brasileira, da mesma forma, é um museu virtual, pois conecta o visitante com outros sites relacionados a seu conteúdo e também com outras coleções. É apresentado de forma didática, não por idades e antecedentes dos visitantes, mas de forma que o público leigo possa entender e não somente especialistas em arte; não possui acervo físico. O MUVA, Museu Virtual de Artes, pode ser considerado um museu virtual, pois, não possui acervo físico. Neste caso foi simulado um prédio de museu, onde o visitante pode passear, começando “ao ar livre”, onde há inclusive o “barulho do mar”, passando pela porta de entrada do museu, e visitando as diferentes galerias. Podemos dizer que o Museu Virtual do Iraque pertence à categoria museu do aprendizado, pois seu acervo é apresentado de forma didática, embora não conecte o visitante com outras informações sobre os assuntos que apresenta. O MASP, Museu de Arte de São Paulo, é um museu de conteúdo, pois possui informações detalhadas sobre seu acervo, incluindo a reprodução das obras, porém não o disponibiliza ao usuário leigo de forma didática, não possui, por exemplo, exposições virtuais, traz informações sobre as exposições no museu físico somente, e para encontrar informações sobre determinada obra ou artista o usuário já deve conhecer a obra ou o artista para fazer a busca que deseja. O MARGS, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, assim como o MASP e pelos mesmos motivos, também pode ser considerado um museu de conteúdo. Um exemplo de museu folheto é o Museu Júlio de Castilhos, que traz somente informações sobre seu ambiente físico, não mostrando seu acervo no site.

Seja em qual for das categorias, é de extrema importância que as unidades de informação possuam um site na Internet. Se não houver recursos para isso, pelo menos um blog contendo um mínimo de informação sobre a unidade deve ser colocado na rede, pois não é possível ficar de fora deste imenso espaço para divulgação da informação que é a Web. O objetivo deve ser sempre o de alcançar a categoria seguinte, mas isso demanda recursos, nem sempre disponíveis. Porém, não é pela falta de recursos que não teremos informações on line: os profissionais da informação devem ser criativos e disponibilizar ao usuário virtual tudo o que puderem sobre a unidade de informação onde atuam.

São muitas as vantagens desses espaços virtuais, pois tornam a informação sem fronteiras. Alguns autores colocam a questão do fim dos museus físicos em função de que o usuário passaria a freqüentar somente o espaço virtual. É uma visão catastrófica e despropositada, pois uma visita virtual não pode ser comparada a conhecer pessoalmente um museu, visitado, muitas vezes, não apenas pela exposição que apresenta, mas também por sua arquitetura, a cultura local, enfim, são inúmeras as motivações. Uma coisa não exclui a outra e sim complementa. Teremos mais condições de aproveitar uma visita a um museu físico se chegarmos lá sabendo previamente algumas informações sobre seu acervo, seus objetivos e até sobre seu horário de funcionamento, pois não é possível visitar uma exposição se faltam dez minutos para fechar. Desde a informação mais básica sobre a unidade, até informações sobre a exposição, todas são bem vindas na rede e encontrarão quem delas necessite. É a lei de Ranganatham, “para cada livro, seu leitor”, adaptada ao mundo virtual: para cada informação, seu usuário.


Referências

CARVALHO, R. M. R. de. Comunicação e informação de museus na internet e o visitante virtual. Museologia e patrimônio, v.1, n.1, jul.-dez. 2008, p. 83-94. Disponível em: http://revistamuseologiaepatrimonio.mast.br/index.php/ppgpmus/article/viewFile/8/4. Acesso em: 31 maio 2010.

LOUREIRO, M. L. de N. M. Webmuseus de arte: aparatos informacionais no ciberespaço. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 2, maio-ago. 2004, p. 97-105. Disponível em: http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/93/84. Acesso em: 31 maio 2010.

OLIVEIRA, J. C. O museu digital: uma metáfora do concreto ao digital. Comunicação e Sociedade, v. 12, 2007, p. 147-161. Disponível em: http://revcom.portcom.intercom.org.br/index.php/cs_um/article/view/4796/4509. Acesso em: 31 maio 2010.

Um comentário:

Leandro Oliveira disse...

É interessante salientar que os autores que falam em fim dos museus como um espaço físico, são os mesmos que previam o fim dos cinemas, bibliotecas, e outros espaços que parecem que as barreiras virtuais nunca serão quebradas.

Grande abraço!