segunda-feira, 26 de abril de 2010

Simpósio Internacional de Políticas Públicas para Acervos Digitais

Começa hoje, em São Paulo, o Simpósio Internacional de Políticas Públicas para Acervos Digitais, que vai até o dia 29 de abril.

O evento reúne especialisatas do Brasil, da Alemanha, da França, da Argentina, da Holanda e do Canadá para trocarem experiências e discutirem sobre os rumos que as políticas públicas devem tomar para que a digitalização de acervos culturais possa promover o acesso a estes acervos pela maioria da população brasileira, que vive distante dos grandes centros e dos bens culturais do país. Serão apresentados grandes projetos de digitalização em curso atualmente, como Wikimedia e Gallica, da França, e Brasiliana, da USP.

A programação pode ser acessada no site do evento, com transmissão ao vivo pela Internet: http://culturadigital.br/simposioacervosdigitais/.

sábado, 24 de abril de 2010

Vídeos educativos e novos formatos para descrição de vídeos em repositórios digitais


O vídeo representa uma nova forma de aprendizagem. Possibilita uma maior interação com os alunos, porque é uma linguagem múltipla, envolvendo imagens, músicas, falas. Trabalha muito mais com o lado emocional do que com a razão. Isso aproxima o aluno do conteúdo educacional, pois o vídeo trabalhado em sala de aula deve ser consonante com o assunto que está sendo trabalhado pelo professor em outras atividades escolares. Todas as práticas devem estar integradas para que o aluno veja sentido na exibição do vídeo. Há uma tendência de se associar o vídeo com diversão e deve-se tirar proveito dessa boa disposição dos alunos para assistir ao vídeo, apresentando-lhes o conteúdo do currículo de forma dinâmica e interessante, diferente das práticas de ensino tradicionais, em geral sem atrativos para os alunos. (MORAN, 1995).


Os vídeos digitais representam um grande avanço na questão do uso dos vídeos na aprendizagem por serem facilmente disponibilizados na Internet, o que os torna acessíveis e utilizáveis por um número muito maior de pessoas, se comparado ao seu antecessor, o VHS. Esses vídeos são armazenados em bancos de vídeos, que são sites que disponibilizam vídeos de todos os tipos. São muito utilizados para diversão e entretenimento, mas também tornam-se importantes fontes de pesquisa para as mais diversas áreas do conhecimento. O mais famoso deles é o You Tube, há também o Google Vídeos e o Vimeo. São sites de fácil utilização, por isso se tornaram tão populares. Existem também os repositórios de vídeos educacionais que disponibilizam somente vídeos educativos, da mesma forma que os demais bancos de vídeos, como o CvTv, o Academic Earth e o You Tube Edu.

Essa facilidade de disponibilização ainda não é suficiente para garantir que se encontre o vídeo adequado para determinado conteúdo que se pretende abordar em sala de aula. Para saber se o conteúdo do vídeo está de acordo com o que se quer mostrar aos alunos, é necessário assistir todo o vídeo. Essa nova realidade trouxe a necessidade de uma descrição de vídeos por palavras-chave, de forma que esta leve diretamente para a cena que trata do assunto representado por determinada palavra-chave. Já existe um formato para descrição de vídeos, o MPEG-7 que pretende disponibilizar ferramentas (que são descritores, que permitem a criação das descrições) para que a busca em imagens, vídeos e arquivos sonoros seja feita da mesma forma que a busca em textos. (DALLACOSTA, 2007)

Aqui na UFRGS, o CINTED (Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação) está desenvolvendo mecanismos de extração de vídeos associados a um repositório de objetos educacionais, o Projeto CESTA (Coletânea de Entidades de Suporte ao Uso de Tecnologia na Aprendizagem). O Projeto pretende sistematizar e organizar a catalogação de objetos educacionais, para que o professor possa localizar vídeos educacionais no repositório do CESTA, através de palavras-chave e exibir o filme exatamente nos pontos onde ocorre cada palavra-chave. (DALLACOSTA, 2007)

Referências

DALLACOSTA, Adriana et al. O Vídeo Digital e a Educação. In: CICLO DE PALESTRAS SOBRE NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO, 9., 2007, Porto Alegre. Anais..., Porto Alegre: UFRGS, 2007, p. 1-10. Disponível em: http://www.cinted.ufrgs.br/ciclo9/artigos/3bAdriana.pdf Acesso em 22: abr. 2010.

MORAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. Comunicação & Educação, São Paulo, n. 2, p. 27-35, jan.-abr. 1995. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/vidsal.htm Acesso em: 21 abr. 2010.



sexta-feira, 23 de abril de 2010

Primeiro vídeo do You Tube faz 5 anos hoje


Hoje faz cinco anos que o primeiro vídeo do You Tube foi colocado no que hoje é o maior banco de vídeos da Internet.                                                         
O domínio do mais famoso site de exibição de vídeos foi registrado em 15 de fevereiro de 2005. O primeiro vídeo, no entanto, só foi colocado no site em 23 de abril de 2005, indo ao ar apenas em junho do mesmo ano, ainda em versão experimental.                                                                                            
Hoje faz aniversário:                                                                   
    O lançamento oficial do site foi ocorrer somente em novembro do mesmo ano.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Bancos de Imagens Digitais


Os bancos de imagens digitais são repositórios de imagens disponíveis on line, que podem ser pagos ou gratuitos. Para que essas imagens possam ser recuperadas, devem passar por um processo de indexação, ou seja, é preciso descrevê-la e representá-la com termos. Em geral os bancos de imagens são organizados por categorias de imagens, como por exemplo: pessoas, animais, paisagens, flores, arquitetura, etc. Em alguns casos é possível fazer uma busca booleana através dos sistemas de busca dos bancos de imagens.

 
Com a imensa produção de imagens digitais, característica da sociedade atual, estes bancos de imagens ganham importância como repositórios da memória da humanidade, tornando-se relevantes fontes de pesquisa. O crescimento dos bancos de imagens pode ser percebido tanto pelo aumento do número de imagens digitais disponíveis on line, quanto pelo aumento do número de usuários dos bancos de imagens.

 
Os bancos de imagens podem ser repositórios da memória de determinada instituição ou de determinada área do conhecimento. Há também as agências de notícias que disponibilizam o acervo fotográfico produzido pelos jornais. No Brasil, a mais importante é a D. A. Press – Agência dos Diários Associados, que tem um acervo de 50 milhões de imagens produzido ao longo de 85 anos. São associados a ela 14 jornais que produzem diariamente 2.000 fotos, registrando temas do cotidiano brasileiro e contribuindo para a preservação da memória jornalística. As imagens são comercializadas para utilização, mas podem ser visualizadas sem restrições, sendo assim importante e acessível fonte de pesquisa, considerando-se que a imagem fotográfica é uma poderosa fonte de informação.

 
Existem também os bancos de imagens gratuitos que disponibilizam as imagens livres de direitos autorais. As imagens contidas nestes repositórios podem ser usadas livremente, podendo ser copiadas e publicadas em blogs ou sites pessoais.
Alguns bancos de imagens digitais gratuitos: Stockvault, Everystockphoto, Stock.XCHNG. No Brasil, temos a Agência Brasil e a Agência Senado, bancos de imagens governamentais, que disponibilizam imagens gratuitamente, desde que citada a fonte. O mais interessante é que as imagens são atualizadas diariamente, os repórteres fotográficos chegam a produzir 100 imagens por dia.

Comunidade indígena em comemoração ao dia do índio, hoje, 19 de abril - Raposa Serra do Sol – Roraima.
Fonte: Agência Brasil.

domingo, 11 de abril de 2010

Fotografia: a câmara clara


“Para mim, o barulho do Tempo não é triste: gosto dos sinos, dos relógios – e lembro-me de que originalmente o material fotográfico dependia das técnicas da marcenaria e da mecânica de precisão: as máquinas, no fundo, eram relógios de ver, e talvez em mim alguém muito antigo ainda ouça na máquina fotográfica o ruído vivo da madeira.” Roland Barthes

A fotografia é um universo imenso. Sob que abordagem falar da fotografia? Podemos falar da história da fotografia, da fotografia como suporte, como técnica, como materiais (química, física) utilizados ao longo de sua trajetória. Podemos abordar a evolução da fotografia: a fotografia analógica e digital. Podemos pensar na questão do armazenamento e da preservação de acervos fotográficos, na tarefa de fazer a representação temática e descritiva de fotografias. Na fotografia como informação. É arte? Não é arte? Há questões éticas, o fotojornalismo, enfim, as possibilidades de abordagem são muitas. Para Roland Barthes (1984), “(...) a Fotografia se esquiva.”. Segundo o autor, é difícil saber qual o traço essencial que distingue a Fotografia da comunidade de imagens, ele “não estava certo de que a Fotografia existisse, de que ela dispusesse de um ‘gênio’ próprio.” (BARTHES, p. 12, 1984). Vamos abordar, então, parte da visão deste autor, escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês, sobre a fotografia.

Vídeo com pequena biografia de Roland Barthes (1915-1980):

 
Para o autor, a fotografia é inclassificável, pois todas as divisões às quais é submetida são exteriores a ela: fotografias profissionais ou amadoras; classificações retóricas (paisagens, objetos, retratos, nus); ou classificações estéticas (realismo, pictorialismo). “A Fotografia pertence a uma classe de objetos folhados cujas duas folhas não podem ser separadas sem destruí-los: a vidraça e a paisagem (...)” (BARTHES, p. 15, 1984). A fotografia sempre traz consigo o seu referente, isto é, o objeto fotografado. A foto é sempre invisível, pois não é ela que vemos e sim o objeto fotografado.

Na tentativa de apreender a essência da fotografia, Barthes decidiu tomar como guia de sua análise a atração que ele mesmo sentia por determinadas fotos, a “(...) agitação interior, uma festa, um trabalho também, a pressão do indizível que quer se dizer.” (BARTHES, p. 35, 1984). Assim, nomeou dois elementos que percebia ao olhar fotografias diversas:

O primeiro, visivelmente, é uma vastidão, ele tem a extensão de um campo, que percebo com bastante familiaridade em função de meu saber, de minha cultura; esse campo pode ser mais ou menos estilizado, mais ou menos bem sucedido, segundo a arte ou a oportunidade do fotógrafo, mas remete sempre a uma informação clássica: a insurreição, a Nicarágua, e todos os signos de uma e de outra: combatentes pobres, em trajes civis, ruas em ruína, mortos, dores, o sol e os pesados olhos índios. Desse campo são feitas milhares de fotos, e por essas fotos posso, certamente, ter uma espécie de interesse geral, às vezes emocionado, mas cuja emoção passa pelo revezamento judicioso de uma cultura moral e política. O que experimento em relação a essas fotos tem a ver com um afeto médio, quase como um amestramento.” (BARTHES, p. 45, 1984).

Para exprimir essa espécie de interesse humano, Barthes não encontrou nenhuma palavra em francês, mas sim em latim: studium. Para o segundo elemento, encontrou outra palavra em latim: punctum. Esse segundo elemento, diferentemente do primeiro, parte da cena da fotografia, é um pequeno detalhe que toca o espectador de forma pungente e que faz com que ele goste realmente de determinada foto. O studium seria da ordem do “to like” e o punctum da ordem do “to love”, segundo o autor. (BARTHES, 1984).

Este segundo vídeo explica os dois conceitos:



E um terceiro vídeo Studium and Punctum mostra algumas fotografias e a descrição do que seria o punctum de cada uma delas para o autor do vídeo, claro. Pois se o punctum é algo que toca o espectador, não necessariamente será o mesmo para diferentes espectadores e somente haverá esse punctum em determinadas fotografias, sendo as demais da ordem do studium.


Referências:

BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.