segunda-feira, 14 de junho de 2010

Redes Sociais, Comunidades Virtuais e Mídias Digitais

Redes: uma nova forma de atuar

As redes sociais virtuais estão hoje muito em voga, todo mundo tem o seu perfil em alguma delas: Orkut, Facebook, MySpace, Twitter. Há também as redes sociais em torno de profissões ou comunidades científicas, reunindo profissionais e pesquisadores por área de interesse. Ao usarmos o termo “redes sociais”, por estar tão associado às redes sociais virtuais já mencionadas, temos a idéia de que se trata de um conceito novo. Ao contrário, não podemos sequer dizer que as redes sociais fazem parte da história da humanidade, pois elas são a própria história da humanidade, se entendermos rede social como a teia de relações estabelecidas na execução de nossas atividades cotidianas.

Alguns autores consideram a sociedade pós-industrial capitalista, fragmentária, individualista e egoísta. Para Hume (1983 apud COSTA, 2005), a generosidade humana é limitada por natureza, tratando-se menos de egoísmo do que de parcialidade, pois todo ser humano está limitado ao seu clã. Para Wellman & Berkowitz (1988):


[...] várias análises recentes sofrem de uma “síndrome pastoral”, que compara nostalgicamente as comunidades contemporâneas com os supostos velhos bons tempos. É assim que sociólogos urbanos dizem que o tamanho, a densidade e heterogeneidade das cidades contemporâneas têm alimentado laços superficiais, transitórios, especializados e desconectados nas vizinhanças e ruas. Com isso, os laços de família extensos têm se esvaziado e deixado os indivíduos sozinhos com seus próprios recursos, além de poucos amigos, transitórios e incertos. (WELLMAN; BERKOWITZ apud COSTA, 2005).

Segundo Costa (2005), as comunidades não estariam completamente condenadas na sociedade atual nem existiriam em abundância nas sociedades pré-industriais. Para o autor, o que ocorre é uma mudança de enfoque, das relações de vizinhanças vivendo em pequenas cidades para as relações sociais e sistemas informais de trocas de recursos que vivemos hoje, o que remete a uma transmutação do conceito de “comunidade” em “redes sociais”.

Essas “trocas de recursos” mencionadas pelo autor nada mais é do que a troca de informações. As redes sociais são mais uma característica da sociedade da informação, são ao mesmo tempo o reflexo da “explosão da informação” de que tanto ouvimos falar, e são também uma das causas dela. A nova configuração de comunidades, ou redes sociais é complexa, não tem mais limites geográficos, de vizinhança ou parentesco. Isso possibilita uma interação e cooperação muito maior entre os “nós” dessas redes sociais, ou seja, entre os “atores sociais”, sejam eles virtuais ou não. Assim:


A atual emergência dos novos valores e novos pensamentos é possível graças ao desenvolvimento das tecnologias de comunicação e da informática, às inovações e novas descobertas do pensamento cientifico, à globalização, à evolução da cidadania, aos resultados desastrosos da forma atual (hegemônica) da organização humana, à evolução do conhecimento científico sobre a vida; às novas formas de gerenciamento e atuação empresarial, ao papel determinante da informação e do conhecimento na vida social. (AMARAL, [s.d.]).

E os bibliotecários? Devem atuar como facilitadores/mediadores/promotores das conexões dessas redes, são eles próprios “nós” ou “atores sociais” das novas comunidades virtuais. E as bibliotecas? Devem abrir suas “portas” e seus “portais” deixando que seus espaços físicos e virtuais sirvam de palco para as novas configurações sociais.


REFERÊNCIAS




COSTA, Rogério da. Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva. Interface (Botucatu) [online]. 2005, v.9, n.17, pp. 235-248. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-32832005000200003&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 14 jun. 2010.

Nenhum comentário: